Acometido por um incêndio no final do mês de junho, o prédio histórico, tombado pelo município, precisa da mobilização civil.
Em 1946 era inaugurado o novo edifício da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Construído no início da década, o edifício foi projetado pelo arquiteto, urbanista, professor e pesquisador Raffaello Berti, em uma área construída de 32 mil m² e 800 leitos e, à época, era o único hospital deste porte no país. Atualmente, o prédio da Santa Casa de Misericórdia é tombado pelo patrimônio histórico municipal da cidade, sendo também uma das mais importantes edificações de Minas Gerais.

Em sua trajetória, Raffaello Berti ofereceu diversas contribuições arquitetônicas para a saúde, sendo a Santa Casa um dos destaques. O projeto contou com a colaboração e assessoria de uma equipe multiprofissional composta pelo engenheiro civil Jacynto Rugani, a consultoria hospitalar do Professor Ernesto Souza Campos, da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, e pelo médico Melo Alvarenga. A arquitetura do imóvel foi definida com o auxílio desta equipe que respaldaria a introdução de elementos modernos e necessariamente alinhados com as carências do setor da saúde belo-horizontino, como incidência solar, ventilação ideal para enfermarias e quartos, e circulação apurada.
Na planta horizontal e interligada por corredores, escadas e elevadores, Berti equilibrou elementos horizontais e verticais em 14 andares. Na riqueza dos detalhes, o movimento se dá em traçados ortogonais, elementos curvos e cilíndricos envidraçados, além de frisos simetricamente compostos em sentido vertical. A construção, com suas soluções, se tornaria uma nova perspectiva sobre a projeção de prédios hospitalares na cidade.

O fogo alcança a história:
Era uma segunda-feira, dia 26 de junho, e nas dependências do Hospital Santa Casa de Misericórdia, tudo ocorria dentro da normalidade. Porém, após colapso em um equipamento e o vazamento de oxigênio, a ala B do 10º andar do hospital ficou tomada por uma fumaça que sinalizava que um incêndio estava acontecendo. Neste local funciona o Centro de Terapias Intensivas, a CTI, que junto ao 9º andar, era ocupado naquele momento por 931 pacientes, que foram removidos com a mobilização da equipe de funcionários do hospital e brigadistas da instituição, pela Polícia Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e por profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
O incêndio deixa não somente prejuízos materiais, como imateriais, e a Santa Casa está mobilizando a sociedade civil para um ato de solidariedade através de doações. Você pode ajudar clicando aqui.