Rodeada de verde por todos os lados, a 25ª edição da Casa Cor Minas, cujo palco é o Palácio das Mangabeiras, está tratando dessa feliz situação com o devido respeito.
Mais que isso, se empenha para que a grande mancha verde que permeia a maior parte do terreno seja pontuada por belíssimos jardins. Nesta edição, eles são tão protagonistas quanto à arquitetura e o design de interiores apresentada pelos profissionais que fazem parte da mostra.
Ao todo são 10 projetos de paisagismo, alguns mais conceituais e outros mais tropicais. A maioria deles segue o rastro do mestre Roberto Burle Marx, que assinou o projeto inicial, embora não tenha sido implantado em sua totalidade.
A partir desta edição, a CASACOR Minas começa a restaurar a proposta do famoso paisagista que já havia sido implementada e, nos próximos anos, caso permaneça no mesmo imóvel, pretende realizá-la integralmente.
Quem assume o principal espaço verde é Ñana Guimarães, com o Jardim Burle Marx. Nele, a paisagista procurou inspiração nos trabalhos do mestre, sempre marcados por um diálogo com a arquitetura modernista da época, contrastando curvas e linhas retas, dureza e simplicidade.
Assim, esse espaço busca se integrar com a arquitetura do Palácio, valendo-se de espécies nativas brasileiras para enfatizar a tropicalidade, que, segundo Ñana, nos aproxima das nossas raízes. As formas orgânicas utilizam de vegetações com distintas tonalidades, texturas e volumes e, ao mesmo tempo em que se harmoniza com a construção, busca quebrar a rigidez do concreto de sua estrutura.
O Jardim das Bromélias também leva a assinatura de Ñana Guimarães e, nele, uma vez mais, a inspiração vem de Burle Marx. Além da homenagem ao famoso paisagista, Ñana se propõe a desmitificar a planta que, constantemente, têm sido vítima de informações incorretas que a colocam como vilã em tempos de surto de dengue. Entre as 20 espécies de bromélias que estarão no ambiente estão as imperiais, porto seguro, driésias e abacaxi.
Outros projetos paisagísticos presentes na mostra buscam essa mesma interação harmoniosa com o ambiente em que estão inseridos. É o caso do Jardim das Dracenas – Marbel Lab, de Felipe Fontes, que comunga com a ambientação externa da qual faz parte, com a função de gerar privacidade para o pátio da cozinha.
O diálogo com o entorno também está no Jardim Contemplação, de Andréia Campolina. Com a piscina de forma ameboide ao lado e a Serra do Curral ao fundo é fácil entender o nome que lhe foi atribuído.
No Jardim do Bar, de Nagela Rigueira, bromélias, dracenas e filodendros, também alinhados ao conceito de Burle Marx, acompanham as duas jabuticabeiras e o imbé majestoso, já presentes no terreno.
Assinado por Carol Quinan, o Jardim do Encontro revigora as árvores preservadas do local com a presença de pleomelis variegatas e clúsias entre elas. Para que a beleza da natureza sobressaia também à noite, o ambiente ganhou iluminação, com destaque para o jasmim manga utilizado em grande quantidade, que faz a divisória ao fundo.
Um contraponto a essa proposta está na área externa da Sala das Palmeiras, onde fica o Jardim das Palmeiras, para o qual a paisagista Rita Cruz escolheu reforçar a sensação da rigidez do concreto da edificação com a presença de um mandacaru disposto entre agaves.
Valendo-se da máxima que vasos são excelentes aliados na ornamentação tanto de ambientes internos como externos, a paisagista e bióloga Vera Valenzuela é autora de um dos cantos mais peculiares da mostra, o Jardins de Vasos.
Entre tanta tropicalidade e gamas de cores junto ao verde, um dos projetos que procurou deliberadamente fugir das opções costumeiras é o Jardim das Xerófitas, do biólogo e paisagista Wanderlan Pitangui Pereira. O conceito de carência, proposto por ele, permitiu que o diferente aflorasse com características de regiões semiáridas e desérticas.