Tendo como manifesto a ocupação da cidade, Atelier Aberto é uma construção na cidade de São Paulo projetada para ter as fronteiras entre o público e o privado um pouco nebulosas. O projeto do escritório AR Arquitetos é todo pensado na ligação entre contrastes: massa/abertura, opacidade/transparência.
O recuo frontal do lote forma uma praça que invade o próprio ateliê em um longo corredor (ou seria uma rua?). Os prismas retangulares que delimitam essa rua conduzem a uma praça interna, onda a artista expõe suas obras.
Os materiais usados na construção do ateliê refletem também essa dualidade. O concreto caiado que compõe as paredes faz relação direta aos prédios urbanos, às estruturas claramente privadas da cidade. Aberturas e materiais transparentes fazem alusão aos espaços públicos.
Três volumes abrigam o programa funcional do ateliê (escritório, acervo, sala de preparo, serviço, copa, depósito e um mezanino de estar). As paredes opacas, de concreto, delimitam esses espaços funcionais, enquanto a outra categoria de materiais cria ligações com os jardins e pátios internos.
Bancos e bancadas contínuos atravessam as paredes, mesmo por limites visivelmente delimitados. Essa definição de espaços semi-públicos se adequa às necessidades criativas da artista que ocupa o lugar.
Atelier Aberto permite que suas pinturas sejam mostradas, mas que o seu íntimo processo de trabalho esteja restrito somente a ela.