Ligar o carro e percorrer seis quilômetros, da Avenida Antônio Carlos ao Centro de Belo Horizonte, ou quase sete, entre a Zona Sul e a região central. A distância é pequena, mas o tempo gasto é grande e o stress de ficar preso no trânsito reduz nossa qualidade de vida. Pensando nisso, muita gente tem abandonando o carro e procurado alternativas mais saudáveis – e menos estressantes – de se deslocar pela cidade. Seja de bicicleta, de ônibus ou a pé, os benefícios de deixar o carro em casa são muitos, desde ganhar mais horas no dia até sair do sedentarismo. Esse movimento à favor da melhoria na mobilidade urbana é uma reação global que ganha cada vez mais adeptos. Algumas dessas iniciativas, que vêm sendo adotadas no mundo inteiro, começam a ser implantadas também em Belo Horizonte. São as vagas-vivas, os parklets e o Mobicentro. Conhece?
Instalação feita na cidade de São Francisco, EUA, transforma vagas de carro em mini praça.
#VAGAS-VIVAS
Um carro, que é um bem particular, parado na rua ocupa um espaço que é público, certo? Pensando nessa relação delicada entre o público e o privado, alguns poderiam até dizer que o estacionamento na via é pouco democrático, já que exclui os não motorizados. Afinal, esse espaço poderia ser usado para o bem de todos, donos de carro ou não. Pois é, foi com esse objetivo que surgiu em 2005, nos Estados Unidos, o Vaga Viva, uma ocupação temporária de algumas vagas de estacionamento transformadas em espaço de convivência e lazer, uma espécie de praça itinerante. O objetivo é provocar uma reflexão sobre o uso atual do espaço urbano, cada vez mais dedicado aos automóveis. A primeira Vaga-viva do Brasil foi feita no Rio de Janeiro, em 2006. Pouco tempo depois, foi montada uma em São Paulo. Algumas tiveram apoio das Prefeituras quanto ao uso do espaço, muitas não, mas a característica de retomada do ambiente público pelas pessoas sempre foi preservada.
Exemplo de vaga-viva, ocupação temporária que dura em média um dia.
#PARKLETS
Já os parklets, mini parques ou praças instaladas pela cidade, são um pouco diferente das vagas-vivas e facilmente confundidos com elas. O que muda é a legislação: quando a vaga é oficializada permanentemente, torna-se um parklet, garantindo direito de permanência de dois anos no espaço. Empresas, organizações e pessoas físicas podem entrar com um pedido na Prefeitura para a construção da estrutura, que é de inteira responsabilidade do proponente. Segundo a Prefeitura de BH, pode até haver uma pequena placa no local, discreta e padronizada, com o nome dos envolvidos no projeto.
A Savassi recebeu o primeiro parklet temporário de BH. Foto: Estado de Minas
Vagas-vivas e Parklets nascem um pouco misturados na capital mineira. A primeira instalação recebeu o nome de parklet, mas seu caráter transitório a faz lembrar um pouco uma vaga-viva. Implementada na Savassi em março, sua próxima parada será o Centro. Enquanto isso, várias solicitações de instalações de longa duração tramitam no departamento da PBH, responsável pela avaliação e aprovação dos projetos, mas sem data ainda para sair do papel.
O pessoal da Benfeitoria é um exemplo daqueles que querem mais espaço para aproveitar a cidade. Com um projeto que prevê estacionamento de bike, banquinhos, lixeiras e plantas, o parklet proposto por eles será instalado na Rua Sapucaí e tem concepção dos arquitetos do Quadra Estúdio Criativo. Além disso conta com financiamento coletivo para ajudar na construção e manutenção do espaço.
#MOBICENTRO
A Operação Trânsito Melhor – Mobicentro é um projeto da PBH que promove melhorias na mobilidade no hipercentro da cidade, com o objetivo de dar segurança e espaço à quem segue a pé ou de bicicleta. Até o meio do ano, serão realizadas mudanças de circulação e implantadas novas travessias para pedestres na região da Avenida Afonso Pena e Assis Chateaubriand (Viaduto Santa Tereza).
A Prefeitura quer transformar o dia-a-dia dos pedestres que circulam pelo movimentado Centro de BH.
Coordenadora do projeto Pedala BH, Eveline Trevisan é a favor da iniciativa. “Os principais benefícios do Mobicentro são a priorização do atendimento aos deslocamentos de pedestres e do transporte coletivo e a diminuição dos conflitos nos cruzamentos com a redução de três para dois tempos nos semáforos nos cruzamentos da Avenida Afonso Pena com as ruas São Paulo e da Bahia, e com a Avenida Amazonas”.
Os primeiros reflexos já podem ser sentidos por quem caminha na Afonso Pena, que está realmente mais fácil e rápida de atravessar. Essa iniciativa da Prefeitura está bem alinhada à ideia que move também as vagas-vivas e os parklets: transformar as ruas da cidade em espaços de permanência e não apenas corredores de carros e ônibus. Mas para Eveline ainda existe resistência da própria população. Bora mudar isso? Deixar o carro em casa e optar pelas caminhadas é uma pequena decisão que influencia e apoia esse movimento como um todo. Então, que tal um passeio a pé para visitar o Centro?