No último post falamos sobre mobilidade urbana e novas formas de usar o espaço público nas ruas destinado normalmente aos estacionamentos. Indo por esse mesmo caminho, o assunto de hoje é a bicicleta, que cada vez mais é vista como meio de transporte, dividindo espaço com carros e ônibus. Esse novo hábito vem mudando também a paisagem das cidades, já reparou? E hoje, as grandes metrópoles brasileiras já têm ciclovias (mesmo que pequenas) e bicicletários (mesmo que ainda insuficientes). Em Belo Horizonte, a extensão da cliclovia é de 74 km e os estacionamentos para bike podem ser encontrados em lugares como a Praça 7, alguns shoppings, na Câmara Municipal e… na edição deste ano da Casa Cor Minas! Apostando na mobilidade urbana, na qualidade de vida e no maior envolvimento com a cidade, a mostra vai criar uma ciclovia e um bicicletário na edição de 2015 para incentivar o uso das bikes.
Foto: Elisa Rodrigues | Futura Press
As nossas cidades vão aos poucos se adaptando a essa tendência urbana mundial. Em alguns lugares, como Nova Iorque, por exemplo, existem várias lojas e cafés bike fiendly, lugares onde os ciclistas, além de serem bem vindos, contam com serviços específicos como bicicletário, venda de acessórios, oficina e até chuveiros! Sim, é possível estacionar a bike e tomar um banho antes de ir pro trabalho ou pra balada. Conhecido como park ‘n shower, esse sistema ainda não chegou a BH, mas por aqui também tem estabelecimento “amigo” dos ciclistas.
Entrada do Café Pedal & Prosa de Marcelo Passos | Foto: João Godinho
Em maio deste ano foi inaugurado, em Santa Efigênia, o Pedal & Prosa Café. Decorado com material reciclado de bikes, o lugar vem se tornando um ponto de encontro para os amantes das magrelas. Você pode sair de lá com um café – de fabricação própria – na mão e com…. uma bicicleta! Por enquanto, o estabelecimento vende alguns modelos e tem bicicletário, mas pretende fazer promoções e descontos no cardápio pra quem vai de bike e vender equipamentos de segurança como luvas, cadeado e capacete. O dono do lugar, claro, é um apaixonado por bicicleta. Marcelo de Faria Passos é ciclista urbano há 10 anos e acredita que a mentalidade da sociedade em relação às bikes vem mudando. Pra melhor. Ele lembra que há poucos anos a estrutura para os ciclistas urbanos era quase inexistente e hoje está evoluindo. Assim como o apoio da população. Hoje ele até se sente mais seguro para pedalar nas ruas e conta com o apoio dos vizinhos que juntos criaram uma espécie de rede para evitar assaltos na região. Ah, é… porque bicicleta não é carro, mas pode custar caro, viu?
Para cada momento, Gil Sotero escolhe uma entre suas doze bicicletas.
Quem tem váaarios modelos, doze pra ser exata, e cuida muito bem deles é o jornalista e entusiasta da bike, Gil Sotero. Há 3 anos ele usa essas belezuras para andar principalmente pelo centro da cidade, muitas vezes como um complemento do trajeto iniciado por metrô ou ônibus. Mas se você pensa que por usar a bicicleta como meio de transporte ele se veste com roupas esportivas, se engana. Gil está sempre impecável em cima do selim e tem dicas pra driblar o suor e chegar intacto ao destino final. “Dê preferência por pedalar na sombra, em horários em que o sol estiver mais fraco (se possível), use roupas leves e é sempre bom andar com uma camiseta extra na mochila”, conta. A bicicleta já está tão integrada à vida de Gil que quando viaja ele logo procura por uma para alugar, isso quando não leva a sua própria. Usar a bike para conhecer uma cidade, a sua própria inclusive, é uma ótima opção. “Você consegue percorrer uma distância maior que a pé e observar os detalhes do lugar”, diz.
Carlos Edward é um dos voluntários do Bike Anjo
Se você curtiu a ideia de usar a bike para se locomover na cidade mas acha que está velho demais, fora de forma demais ou que em BH tem morro demais, saiba que esses não são motivos para te impedir de sair pedalando por aí. Quem afirma isso é Carlos Edward Campos, dentista e voluntário há 2 anos do Bike Anjo, projeto que oferece orientação gratuita a quem quer aprender a andar de bicicleta e a se comportar no trânsito como ciclista. Aos 49 anos, Carlos, que já é ciclista urbano há 5, faz até compra no supermercado de bike e não se assusta com o relevo de BH. “ Você deve escolher um roteiro compatível com a bike e não com o carro, escolher avenidas mais planas e mais tranquilas. Outra coisa que ajuda muito é usar as marchas à seu favor”, ensina. E para quem está acima do peso e sedentário, Carlos, como que faz? “Não é preciso ser atleta para andar de bike na cidade. O condicionamento físico vai melhorando com o tempo e naturalmente”, afirma ele. Então pronto! Acabaram-se as desculpas, hein?
E para você que tem medo de andar de bike no trânsito, o Carlos até fez uma lista com dicas práticas para você se sentir seguro. É segurar no guidão e não largar mais!
- Andar preferencialmente pela direita, a não ser quando precisar fazer alguma conversão à esquerda.
- Quando a via tiver mais de uma faixa de rolamento, ocupar completamente uma faixa (pedalando no meio da faixa) evitando tomar a famosa “fina educativa”
- Se a via tiver apenas uma faixa, andar mais próximo ao bordo, mas mantendo uma distância segura da abertura das portas.
- Sempre sinalizar a sua intenção no trânsito.
- Ficar sempre atento ao movimento dos outros atores do trânsito, isso lhe permite praticar uma condução defensiva.
- Usar uma buzina ou um apito pode ser muito útil também.
Siga os conselhos do Carlos e do Gil e não tenha medo da rua. Usar a bike como transporte é contribuir para uma cidade com menos poluição, menos barulho, menos engarrafamento e mais saúde. E BH tem uma agenda de eventos envolvendo bicicletas, dá só uma olhada:
BIKE AGENDA
Bicicleta Junina
Domingo, 21 de junho | 15h
Praça do Ciclista
Av. Carandaí, 331
Passeio – Pedal de Salto alto
Sexta-feira, 26 de junho |16h
Praça da Liberdade
Massa Crítica
Sexta-feira, 26 de junho
Concentração 19h
Saída 20h
Praça da Estação